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Violência no parto é violência sexual

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É muito importante dar voz às mulheres que vivenciaram algum tipo de violência no parto, ver sua dor reconhecida é o primeiro passo para que a mãe possa superar o trauma e vivenciar toda a plenitude da maternidade. Uma vez vi uma mulher numa sessão de terapia em grupo querendo trabalhar sintomas físicos: ela sempre vomitava quando o filho precisava mamar e não conseguia mais se relacionar sexualmente. Na busca pelo que poderia ser a origem daquele comportamento, ela acabou contando como tinha passado por uma cesariana indesejada e violenta, apesar de estar em franco trabalho de parto ela tinha sido amarrada e submetida à cirurgia contra seu consentimento. Ela passou pelo puerpério muito triste, teve diagnosticada depressão pós parto e não havia melhorado significativamente mesmo depois de 2 anos. A família minimizava a narrativa dela, achava tudo uma "grande frescura". A pessoa que conduziu a terapia chegou a sugerir que ela uma "menininha mimada" e que pr...

O que pode e o que não pode no parto - parte 3

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Para concluir essa sequência de postagens sobre a revisão das condutas obstétricas, promovida pela OMS - Organização Mundial da Saúde, vamos falar a respeito das condutas adotadas imediatamente após a saída do bebê e que são geralmente inapropriadas para os melhores resultados de saúde. É recorrente a prática de afastar o bebê de mãe logo após que ele nasce, apenas mostram o bebê para a mãe e já levam a criança para a realização de procedimentos de pesagem, medição, aplicação de colírio e outros procedimentos em berçário - longe da mãe. Nesse contexto, o bebê só vai ter a primeira interação com a mãe horas depois, o que prejudica o estabelecimento do vínculo psíquico entre mãe e filho e pode ter repercussão no desenvolvimento psicológico da crianças. Logo após o nascimento, o bebê que nasce saudável NÃO DEVE SER AFASTADO para procedimentos. O bebê deve ser colocado no peito da mãe o mais rapidamente possível para o contato pele-a-pele. E o contato deve ser pele-a-pele mesmo, s...

O que pode e o que não pode no parto - parte 2

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Dando continuidade ao nosso papo sobre a revisão das condutas obstétricas, promovida pela OMS - Organização Mundial da Saúde, vamos falar aqui de um grande avanço dessa revisão que foi a confirmação da demanda das mulheres a respeito da episiotomia, o corte que se faz no períneo da mulher para facilitar a saída do bebê. Há muitos anos as mulheres reclama desse corte, que por aqui os médicos chamam de "pique" ou "cortinho", tentando diminuir o impacto desse procedimento na fisiologia da mulheres. Segundo as evidências, esse corte não é benéfico em nada para a mulher e deve ser utilizado com muita restrição, somente em casos de extrema necessidade e urgência, de acordo com o caso individual. Essa conduta não pode ser utilizada de rotina em todas as mulheres, como é o caso de muitos hospitais e maternidades que determinam o uso de episiotomia em todas as primigestas. Existem estabelecimentos de saúde que possuem um protocolo, um roteiro de procedimentos médico...

O que pode e o que não pode no parto - parte 1

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Recentemente a OMS - Organização Mundial da Saúde divulgou um manual com uma série de condutas revisadas, com base nas últimas evidências científicas. Nesse trabalho, foram revistas as práticas obstétricas mais usuais, quais os seus reais benefícios para as mulheres, sua necessidade e efetividade, bem como foram considerados quais os prejuízos essas práticas poderiam trazer. Uma prática revista foi a questão da movimentação da mulher durante o parto normal. Não se deve manter a mulher deitada na cama durante o parto, essa posição dificulta a descida do bebê, além de ser muito mais dolorosa para a mulher. Já faz muito tempo que as mulheres reclamam de serem mantidas deitadas durante o parto, em alguns hospitais as mulheres são mantidas deitadas e tem suas pernas amarradas em estribos para garantir que não irão se levantar. Amarrar uma mulher durante o parto é muito errado! Outro ponto importante foi a restrição dos exames de toque durante a fase latente, ou seja, a fase in...

Placenta - o que fazer com ela?

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A placenta é um órgão humano que ninguém nasce com ele. A placenta se forma durante o processo gestacional quando as mulheres engravidam, então é uma órgão exclusivamente feminino. É através da placenta que vai se desenvolver o novo bebê, é esse órgão o encarregado por levar sangue e nutrientes para o novo corpinho em formação, oxigenar as células, expandir sua capacidade conforme a necessidade de material para formar o bebê aumenta, e fazer todo o trabalho de compor um novo ser humano. No dia do parto, depois que o bebê nasce a placenta precisa também ser expulsa do corpo da mãe por ter concluído sua função orgânica. Aos pouquinhos todo o sangue do bebê que está nela vai sendo automaticamente conduzido pelo cordão umbilical (não cortem o cordão precocemente!) até o corpo do bebê, "esvaziando" o material orgânico do bebê e assim a placenta termina sua missão e pode ser descartada. É incrível pensar que a placenta tenha essa programação toda tão definida com início, ...

Direitos da Mulher no Parto

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Quando a gente está grávida nosso interesse se volta para as questões da fisiologia, das mudanças do corpo, da conexão com o bebê e todas as preparações que temos que fazer para receber aquele novo serzinho que está pra chegar. Um bebê vai precisar de roupinhas, de um berço, de cobertas novas, de acessórios para facilitar o dia a dia dos cuidados... Mas não podemos deixar de nos informar sobre os direitos que a mulher tem garantidos durante a fase da gestação, parto e pós parto. Essas garantias são muito importantes porque levam a melhores resultados para a mulher e seu bebê, além de propiciarem uma experiência mais positiva de maternidade. Durante a gestação toda mulher tem direito às consultas de pré-natal, pelo menos 6 consultas e daí pra mais se a gestação apresentar algum risco para a mulher ou seu bebê. Essa referência de números de consulta deve ser atendida tanto na rede pública de saúdo como também na rede privada/conveniada. Já no parto, é imprescindível o direito...

Bolsa de Água Quente

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Na bolsa da doula tem... BOLSA DE ÁGUA QUENTE! Apesar de associada às vovós e às práticas mais antigas de quando os partos aconteciam dentro de casa, a bolsa de água quente é um recurso poderosíssimo para alívio da dor fisiológica no trabalho de parto natural. Ela é a queridinha das mulheres, até hoje usei água quente em 100% dos atendimentos. Aliada a outros métodos não farmacológicos, como o uso de óleos vegetais para massagem, traz conforto e mais confiança para a mulher no processo mais natural para chegada do bebê. Quando não temos a bolsa de água quente à mão, também podemos usar toalhas de rosto molhadas na água bem quente, que ajudam a distribuir o calor pela região do corpo onde se concentra a dor. A toalha também pode ser usada quando a dor "irradia" para outras regiões, apesar de ter um foco de origem, a dor se "espalha" para outras regiões do corpo e nesses casos a toalha amplia o alcance do calor e promove maior conforto para a parturient...